EUA NÃO PERDOAM “ALIANÇA” COM MADURO

João Lourenço tenta governar num equilíbrio impossível. Anda aos ziguezagues entre ditadores e democratas, entre o leste e o oeste. Mas quem não escolhe um lado na política internacional, acaba por ser engolido pelos dois. A história ensina que não se pode agradar a todos, e que, na geopolítica, a neutralidade não é uma opção para quem já tomou más decisões. Ele está a brincar com o fogo. E vai perceber, talvez tarde demais, que as chamas não perdoam quem as provoca.

Por Malundo Kudiqueba

Para os Estados Unidos, quem estende a mão a Nicolás Maduro está a desafiar directamente a sua política externa. E Washington sabe como agir quando é desafiado: sanciona, isola, pressiona e, se for preciso, derruba. A máquina diplomática e económica americana é implacável. E Angola acaba de entrar no radar vermelho.

A solidariedade de Nicolás Maduro não é um presente. É um fardo. Não é um sinal de força, mas sim de fraqueza. E quem aceita apoio de um regime tóxico, como o venezuelano, dá um tiro no próprio pé. João Lourenço está a ser mal aconselhado. Rodeado por bajuladores que confundem lealdade cega com estratégia, caminha para o abismo sem se dar conta da gravidade dos seus passos.

Ao aceitar a solidariedade pública de Nicolás Maduro, João Lourenço expôs-se. Mostrou ao mundo que não tem lado. Ou pior: que está disposto a trocar princípios por conveniência. Mas na política internacional não há espaço para jogadas ambíguas. Quem é amigo de ditadores acaba visto como cúmplice. E quem se aproxima de regimes sancionados, como o de Maduro, arrisca-se a ficar manchado e isolado.

Os Estados Unidos não toleram alianças perigosas. O Reino Unido e a União Europeia não ignoram sinais de aproximação a líderes autoritários. Há um preço para quem desafia a ordem internacional: isolamento diplomático, cortes de investimento, bloqueio de financiamento e sanções. Angola pode entrar nesse caminho se não houver uma correcção de rota. E o responsável terá nome e rosto: João Lourenço.

A diplomacia americana não perdoa quem se associa aos seus adversários. O Ocidente já mostrou ao mundo, várias vezes, que sabe isolar, sancionar e derrubar governos que optam pelo lado errado da história.

Na política internacional, não há espaço para ziguezagues. Ou se está com os que defendem a democracia, o estado de direito e a transparência, ou se está com os que preferem a opressão, o autoritarismo e a corrupção. João Lourenço tenta equilibrar-se num muro alto e escorregadio. Mas cedo ou tarde vai cair. E a queda será dura.

Ouvi muita gente em Angola contente, quase eufórica, com a solidariedade de Maduro. Mas é uma alegria imatura, ingénua e perigosa. É o aplauso de quem não entende o mundo em que vive. Porque não se celebra um abraço que pode ser a condenação. Quem bate palmas hoje, pode chorar amanhã.

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